quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Literatura: Conto


Arma Química




Eram mais ou menos umas oito horas da noite, quando eu estava voltando para a casa, acompanhada de minha mãe e minha irmã. Subitamente, virei por reflexo, atraída por um barulho que parecia vir do meu lado esquerdo, quando olhei vi um tumulto, pessoas enfurecidas com uns sacos na mão de um lado, e um pessoal que saia de uma boate, do outro.
O pavor tomou-me de repente, sabia que algo terrível estava para acontecer, procuramos refugio atrás de uma banca de jornal, de lá observávamos a cena.
O bando atirou os sacos (que continham um pó químico) encima das pessoas que estavam na rua e imediatamente após o atentado vestiram mascarás e deitaram no chão. Vendo isso tampei meu rosto com a mão e fiz sinal para que minha mãe e irmã fizessem o mesmo. As pessoas atingidas pelo pó, começaram a vomitar um liquido grosso e amarelo, e imediatamente caiam ao chão já mortas.
Após alguns minutos de horror e várias mortes, o bando começou a levantar e marchar em meio aos mortos, com ar sarcástico e rostos diabólicos. Avistaram-nos, e como que, por impulso, levantamo-nos com os rostos baixos, tentando não transparecer o terror que nos havia tomado a alma, seguimos a marcha torcendo para que não fossemos descobertas.
- Mas, para onde estaríamos caminhando? Esse pensamento me atormentava e um frio crescente seguido de um arrepio faziam com que procurasse não querer saber de mais nada, precisava haver uma escapatória... - O que pretendiam aquelas criaturas?
Entramos em um beco escuro, a cada passo, o medo ia crescendo, caminhávamos com os cabelos jogados na cara balançando, com os rostos baixos feito mortos vivos, temia muito o que estava por vir.
Paramos em frente a uma casinha pobre, e escondida com uma portinha amarela cor de gema. Na entrada havia uma espécie de inspetor que averiguava quem estava entrando. Meu coração gelou, era uma criatura disforme, não dava para saber ao certo do que se tratava, parecia com o que as pessoas descrevem com sendo ET. Estava vestido com uma roupagem branca colante que cobria todo o corpo e rosto, só tendo um espaço coberto por um óculos igualmente branco com uma tela redonda nos olhos enormes da criatura e dois orifícios para que respirasse, o ser parecia mesmo desprovido de nariz, apenas dois orifícios que serviam para que respirasse. O ser observava fumegante e atentamente, o bando entrar na casa. Como havia uma fila de pessoas que entravam, a criatura contava com uma espécie de ajudante, um outro ser diabólico, um anão deformado, que ria e balançava seu corpo numa mistura de ódio e divertimento.
Conseguimos passar pelas criaturas e entrar. Seguimos por um corredor apertado, minúsculo e de paredes escuras, até chegar a uma sala de aula, nos sentamos nas mesinhas em meio aos outros e ao ouvir uma voz de mulher olhei para frente. Uma cena espantosa, que fez meu terror crescer (se é que isso era possível), havia um corpo humano aberto desde o pescoço até a virilha, aberto como se fosse um frango que se vai rechear! Uma senhora velha e sarcástica olhava sua platéia radiante, parecia mesmo que aquilo se tratava de uma aula.
A platéia estava extremamente hipnotizada e interessada, no que, deu pra entender ser um plano para acabar com os seres humanos, (era aquele pó químico), e estudavam cada órgão de suas vitimas para testar seus efeitos no corpo humano.
Não estava conseguindo me conter, quando a senhora tirou de dentro daquele corpo aberto, o coração, passando - o de mão em mão, no momento que minha irmã me passou aquilo, quis chorar quis berrar quis morrer mais não queria participar daquele momento, ela me olhou de soláteio como que se dissesse: - Pegue ou iram nos descobrir e matar-nos. Peguei! Aqueles segundos, que tinha aquele negócio em minhas mãos pareceram intermináveis, não conseguia olhar para aquilo, e a sensação que experimentei foi horrível estava meio melequento e escorregadio, liso e com consistência de órgão mesmo!! Era um negócio terrível! O pior é que logo após, foram passadas as visseras do morto, eu queria vomitar lá mesmo, mais tive que me conter.
Ao término daquele terror, a velha passou um vale dinheiro aos participantes no valor de 15 mil reais, as caras demoníacas sorriam sentindo-se recompensadas pelo “seu trabalho...” Porém, aquilo não era uma recompensa era um pesadelo onde nós próprios éramos as vitimas, acontece que aqueles seres pareciam hipnotizados por algum tipo de poder maior que não permitiam que enxergassem a realidade.
A marcha saia e seguia para suas casas, com novo atentado e reunião marcada para o dia seguinte.
Alguns metros dali, comecei a vomitar o liquido grosso e amarelo com uns pedaços espessos, acho que sem querer tinha me contaminado um pouco com aquele pó, porém, não o suficiente para causar minha morte imediata, mais era inútil lutar contra, olhamos uma para cara da outra e sabíamos que nosso fim e de tantos outros seria inevitável.

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