domingo, 11 de outubro de 2009

Literatura: Conto Terror: Triciclo



Segunda-feira, mais um dia típico na casa da família Geundes, Teresa acordou cedo, esperou a Kombi da escola chegar, entregou as crianças, e saiu para trabalhar.
Lá pelas 4 horas da tarde a Kombi trouxe Ana, Lia e Beto de volta da escola. As crianças entraram correndo pela casa, mortas de fome, apesar de estudarem em escola semi-interna, não gostavam da comida que lá era servida, então quase não comiam, e voltavam mortos de fome para casa.
Dona Raimunda, era a faxineira, e sempre esperava as crianças com um lanchinho, todos sentaram à mesa, com seus olhinhos brilhantes e sorriso faminto para saborear um pão quentinho servido com café com leite. Os Geundes eram uma família de classe média baixa, moravam em uma casinha simples, Teresa era divorciada e morava com os filhos, Ana de 7 anos, Lia de 6 e Beto de 5.A vida não era fácil, sua sorte é ter encontrado Raimunda, que era atenciosa com as crianças, pois tinha que trabalhar como secretaria todos os dias até tarde para trazer comida para os filhos e pagar as contas.
Ana tinha um triciclo, e não gostava que seus irmãos o pegassem, ainda mais sem sua permissão! Sempre brigava com eles pelo triciclo, e por não a respeitarem, afinal, era a mais velha.
Naquela tarde, após terem lanchado, Beto saiu de mansinho e pegou o triciclo e foi pra rua brincar, quando deram por sua falta, Raimunda saiu à rua e viu que ele descia a ladeira, ficou branca paralisada, pois sabia que estavam fazendo uma obra bem na esquina, onde fazia a curva da ladeira da rua da casa. Ana a dar por falta do triciclo correu furiosa atrás do irmão, sem nem perceber a expressão de desespero de Raimunda ali parada.
Ana desceu correndo a ladeira, mas quando chegou na esquina, viu uns homens cimentando um buraco, e percebeu que seu triciclo estava abandonado ao lado de um poste, parecia que os homens haviam acabado de cimentar e saíram andando, uma vez que o trabalho estava concluído.
Ana gritava pelo irmão, não entendia como o seu triciclo ali abandonado?E nada de Beto... Uma agonia tomou seu coraçãozinho de criança, uma culpa atormentou sua alminha, gritava pelo irmão desesperadamente aos prantos, quando uma vozinha fraca parecia vir de dentro daquele buraco que acabará de ser cimentado. Ana batia a mão no cimento, mas já era tarde e o cimento já havia endurecido. E a vozinha antes fraca do irmão agora se calara. Sentia se um demônio, com raiva do irmão por ter pegado seu triciclo, e agora, morto, preso vivo, em um buraco cimentado. A culpa era sua. Olhou o triciclo, estava em estado de demência profunda... Os olhinhos vermelhos e a cara enxada de tanto chorar, pegou o triciclo e saiu loucamente pela rua.
Raimunda chegou e encontrou o corpinho de Ana no meio da rua atropelado e o triciclo jogado do outro lado, olhou ainda o buraco cimentado... Não era possível! Não podia acreditar no que seus olhos viam, tinha que ser um sonho alia um pesadelo, precisava acordar. Mas dessa vez era verdade, sonhara com o acontecido na noite anterior, mas não dera crédito, era apenas um pesadelo. E agora lá estava diante de seus olhos a mesma cena, a mesma sensação de horror, sem que, dessa vez, tivesse a chance de acordar.

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